No cenário político atual, marcado por desigualdades e disputas de poder, uma realidade persiste em silenciar e limitar: a opressão das vozes femininas. A cientista política Mônica Sodré, em entrevista a Natuza Nery, define a violência política de gênero como “um fato que acomete mulheres de todas as posições no espectro político ideológico”. Essa violência se manifesta através de ações que buscam cercear ou impedir mulheres de se manifestarem e fazerem valer seus direitos nos espaços de poder.
A representatividade feminina na política brasileira é um reflexo dessa realidade opressora. Com apenas dois partidos comandados por mulheres em nosso país, fica evidente a baixa presença feminina em posições de liderança e decisão. Esse cenário não é apenas uma questão de números; é um reflexo de uma estrutura patriarcal que, ao longo do tempo, tem tentado manter a voz das mulheres em um constante murmúrio.
Porém, é no coração desse silêncio imposto que reside a força da mudança. É um chamado para que as mulheres não apenas falem, mas que ecoem suas vozes pelos corredores do poder, pelas ruas, nas casas e em todos os espaços de decisão. “Seja livre, escolha um lado, erga a cabeça e não tenha vergonha, muito menos medo. Não permita que digam onde, com quem você deve estar e nem quando você deve falar.” Essas palavras não são apenas um conselho; são um manifesto por liberdade e igualdade.
Apoiar mulheres, votar em mulheres, e votar por mulheres não é apenas um ato de solidariedade; é um passo em direção a uma sociedade mais justa e equitativa. Alimentar a estrutura patriarcal, mantendo o status quo, é perpetuar um ciclo de opressão e silenciamento. Por isso, faz-se um chamamento a todas as mulheres nestas eleições: tenha sua bandeira partidária, mas, antes de tudo, carregue tatuado no peito a bandeira chamada mulher. “Todas por uma e uma por todas” não é apenas um lema; é uma estratégia de sobrevivência e resistência.
Este artigo é um convite à reflexão e ação. Que cada mulher reconheça a força de sua voz e o poder de sua escolha. Que a solidariedade entre mulheres transcenda as barreiras partidárias e se torne uma ponte para um futuro em que a igualdade não seja apenas um ideal, mas uma realidade. Que as mulheres, unidas, transformem o silêncio em um grito de liberdade e igualdade.
A luta por espaços de poder e representatividade é árdua, mas não solitária. Juntas, erguendo nossas vozes e fazendo nossas escolhas, podemos desmantelar as estruturas que buscam nos manter em silêncio. A política precisa das mulheres, não apenas como espectadoras, mas como protagonistas de sua própria história e da história da nossa cidade.
Gaby Morais
Referência em Representatividade Feminina. Especialista em Capacitar e Qualificar Mulheres para a Política. Estrategista política especializada em Inteligência Estratégica. Mestre em Marketing Político e Campanhas Eleitorais pela Universidade de Alcalá, na Espanha. MBA em Gestão Pública. Criadora do PodCast Voz da Vez, que debate o olhar mais humano para o futuro através da perspectiva feminina.